Não, nunca. Nunca emergem de sob as águas enquanto vivas, só depois de mortas, quando, já cadáveres, sobem então à tona, levadas pela maré. Mas, enquanto vivas, mantêm-se sempre submersas, sempre sob as ondas. E, contudo, apesar de jazerem sob as ondas, podem criar poderosas raízes, raízes mais fortes que o próprio ferro, raízes que podem ser tenazes e perigosas no seu suave ondular, batidas pelas correntes.
Jazendo sob as ondas, podem, inclusive, ser mais fortes e indestrutíveis do que os orgulhosos carvalhos que se erguem sobre a terra. Mas sempre, sempre submersas, sempre sob as águas. E ela, sendo mulher, teria de ser assim, teria de aprender a ser como essas algas.
Mas ela estava de tal modo acostumada a ser precisamente o oposto! Sempre tivera de chamar a si todas as responsabilidades, todas as preocupações, sempre tivera de ser ela a ocupar-se do amor e da vida. Dia após dia, tornara-se responsável pelo novo dia, pelo novo ano, pela saúde da sua querida Jill, pela sua felicidade, pelo seu bem-estar. Na verdade, e na medida da sua própria pequenez, acabara por se sentir responsável pelo bem-estar de todo o mundo. E o seu grande estimulante fora precisamente esse maravilhoso sentimento, esse sentimento de que, à escala da sua reduzida dimensão, ela era responsável pelo bem-estar do mundo inteiro.
E falhara. Falhara e sabia-o, sabia que, mesmo à sua pequena escala, acabara por falhar. Falhara em não conseguir satisfazer o seu próprio sentido das responsabilidades. Pois tudo lhe fora tão difícil! De início, tudo lhe parecera fácil, tudo lhe parecera belo. Mas, quanto mais se esforçava, mais difíceis as coisas se tornavam.