Parecera-lhe tão fácil tornar feliz um ente querido! Mas não, fora terrível.
Toda a sua vida se esforçara, toda a sua vida tentara alcançar algo que parecia estar tão próximo, quase ao alcance da mão, gastando-se e consumindo-se até ao extremo limite das suas forças, para só então se dar conta de que isso estava sempre para além de si.
Sempre inatingível, sempre para além de si, irrealizável e vago, até que, por fim, acabara por se ver sem nada, totalmente despojada e vazia. A vida por que lutara, a felicidade que sempre almejara, o bem-estar por que tanto se esforçara, tudo resvalou no abismo, tornando-se vago e irreal, por mais longe que ela tentasse ir, as mãos estendidas, anelantes e vazias.
Quisera ter um objectivo, uma finalidade por que lutar, mas não, não havia nada, só o vazio. E sempre aquela horrível busca, aquele constante esforço, aquele empenhamento em alcançar algo que talvez estivesse logo ali, logo ali ao virar da esquina. Até mesmo na sua tentativa de tornar Jill feliz, até mesmo aí falhara. Agora quase que se sentia aliviada por Jill ter morrido. Pois apercebera-se de que nunca a conseguiria fazer feliz. Jill nunca deixaria de se preocupar, sempre atormentada e aflita, cada vez mais mirrada, cada vez mais fraca. Em vez de diminuírem, as suas preocupações e dores nunca deixariam de aumentar. Sim, havia de ser sempre assim, havia de ser sempre assim até ao findar dos tempos. É, na verdade sentia-se aliviada, quase feliz por ela ter morrido.
Mas se, em vez disso, se tivesse casado com um homem, tudo teria sido igual. Sempre com a mulher a esforçar-se, a esforçar-se por tornar o homem feliz, a empenhar-se dentro dos seus limitados recursos pelo bem-estar do seu pequeno mundo.