Se tal se devia ao facto de ter a cabeça deitada para a frente, ao brilho da fina barba prateada em torno dos malares róseos ou aos olhos vivos e brilhantes, não seria possível dizê-lo; contudo, para ela o rapaz era o raposo e era-lhe impossível vê-lo de outro modo. 
- Como é possível que não soubesse se o seu avô estava vivo ou morto? - perguntou Banford, recuperando a sua habitual sagacidade. 
- Ah, pois, aí é que está - respondeu o jovem, com um leve suspiro. - Sabe, é que eu alistei-me no Canadá e já não tinha notícias dele há três ou quatro anos... Fugi para lá a fim de me alistar. 
- E acabou agora de chegar de França? 
- Bem... Não propriamente, pois, na verdade, vim de Salonica. 
Houve uma pausa, ninguém sabendo ao certo o que dizer. 
- Então agora não tem para onde ir? disse Banford, algo desajeitadamente. 
- Oh, conheço algumas pessoas na aldeia. 
E, de qualquer forma, sempre posso ir para a Estalagem do Cisne. 
- Veio de comboio, suponho. Não quer descansar um bocado? 
- Bom, confesso que não me importava nada. 
Ao desfazer-se da mochila, emitiu um estranho suspiro, quase que um queixume. Banford olhou para March. 
- Ponha aí a arma - disse. - Nós vamos fazer um pouco de chá. 
- Ah, sim! - concordou o jovem. - Já vimos demasiadas espingardas. 
Sentou-se então no sofá com um certo ar de cansaço, o corpo todo inclinado para a frente. 
March, recuperando a presença de espírito, dirigiu-se para a cozinha. Aí chegada, ouviu o jovem monologando na sua voz suave: 
- Ora quem diria que havia de voltar e vir encontrar isto assim! 
Não parecia nada triste, absolutamente nada; tão-só um tanto ou quanto surpreso e interessado ao mesmo tempo.