O Raposo - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 21 / 111

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- Trata-se antes do que a aldeia poderá dizer - observou.

Houve uma ligeira pausa.

- O que é que achas, Nellie? - perguntou Banford.

- Eu não me importo - respondeu March no seu tom habitual, nítido e claro. - E, de qualquer forma, a aldeia não me interessa para nada.

- Ah, não? - disse o jovem, em voz rápida mas suave. - Mas porque o fariam? Quer dizer, de que poderiam eles falar?

- Oh, isso! - volveu March, no seu tom lacónico, plangente. - Facilmente descobririam qualquer coisa. Mas não interessa aquilo que eles possam dizer. Nós sabemos cuidar de nós próprias.

- Sem qualquer dúvida - respondeu o jovem.

- Bom, então se quiser fique por aqui – disse Banford. - O quarto dos hóspedes está sempre pronto.

O rosto dele iluminou-se-lhe de prazer.

- Se têm a certeza de que não será um grande incómodo - observou ele naquele tom de suave cortesia que o caracterizava.

- Oh, não é incómodo nenhum - responderam as raparigas.

Sorrindo, satisfeito, ele olhava, ora para uma ora para outra.

- É mesmo muito agradável não ter de voltar a sair, não é verdade? - acrescentou, agradecido.

- Sim, suponho que sim - disse Banford. March saiu para ir tratar do quarto. Banford estava tão satisfeita e solícita como se fosse o seu irmão mais novo quem tivesse voltado de França. Aquilo era tão gratificante para ela como se tivesse de cuidar dele, de lhe preparar o banho, de lhe tratar das coisas e tudo o resto. A sua generosidade e afetividade naturais tinham agora em que se aplicar. E o jovem estava deliciado com toda aquela fraternal atenção. Mas sentiu-se algo perturbado ao lembrar-se de que March, apesar de silenciosa, também estava a trabalhar para ele. Ela era tão curiosa, tão silenciosa e apagada. Quase que tinha a impressão de que ainda não a vira bem.





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