- Bom - disse às raparigas enquanto se sentava à mesa. - O que é que eu vou fazer? - O que quer dizer com isso? - perguntou Banford.
- Onde é que eu vou arranjar na aldeia um lugar para ficar? - esclareceu ele.
- Eu cá não sei - disse Banford. - Onde é que pensa ficar?
- Bem... - respondeu ele, hesitante. - No Cisne estão todos com a tal gripe e no Grade e Arado têm lá os soldados que andam na recolha de feno para o exército. Além disso, na aldeia, já há dez homens e um cabo aboletados em casas particulares, ao que me disseram. Não sei lá muito bem onde é que irei achar uma cama.
E deixou o assunto à consideração das raparigas. Não parecia muito preocupado, estava até bastante calmo. March, sentada com os cotovelos pousados na mesa e o queixo entre as mãos, olhava-o meio absorta, quase sem se dar conta. De súbito, ele ergueu os seus olhos azul-escuros, fixando-os abstractamente nos de March. Ambos estremeceram, surpreendidos. E também ele se retraiu, esboçando um ligeiro recuo. March sentiu o mesmo clarão furtivo, sarcástico, saltar daqueles olhos brilhantes quando ele desviou o rosto, o mesmo fulgor astuto, conhecedor, dos olhos escuros do raposo. E, tal como acontecera com o raposo, sentiu que aquele olhar lhe trespassava a alma, penetrando-a de lado a lado. Como presa de viva dor ou em meio a um sono agitado, a boca crispou-se-lhe, os lábios contraíram-se.
- Bom, não sei... - dizia Banford.