O Raposo - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 35 / 111

- Sim, nessa altura eu tinha ido arrumar a serra.

Tomaram então o chá. March estava muito calada, um ar absorto no rosto pálido e cansado. O jovem, sempre de rosto corado e ar reservado, como que a vigiar-se a si mesmo, estava a tomar o chá em mangas de camisa, tão à vontade como se estivesse em sua casa. Debruçando-se sobre o prato, comia com toda a sem-cerimônia.

- Não tem frio? - perguntou Banford em tom maldoso. - Assim em mangas de camisa...

Ele olhou para ela, ainda com o queixo junto ao prato, observando-a com olhos claros, transparentes. Fitava-a com o mesmo ar imperturbável de sempre.

- Não, não tenho frio - respondeu ele com a sua habitual cortesia, no seu tom suave e modulado. - Está muito mais quente aqui do que lá fora, sabe...

- Espero bem que sim - retrucou Banford, sentindo que ele a estava a provocar. Aquela estranha e suave autoconfiança que ele tinha, aquele seu olhar brilhante e profundo, contendiam-lhe com os nervos naquela noite.

- Mas talvez - disse ele, suave e cortês - não goste de que eu venha tomar chá sem casaco. Não me lembrei disso.

- Oh, não, não me importo - disse Banford, embora de facto se importasse.

- Não acha que será melhor ir buscá-lo? perguntou ele.

Os olhos escuros de March viraram-se lentamente para ele.

- Não, não se incomode - disse, num estranho tom nasalado. - Se se sente bem como está, pois deixe-se estar. - Falara de uma forma friamente autoritária.

- Sim - respondeu ele -, sinto-me bem, isto se não estou a ser descortês...

- Bom, isso é normalmente considerado como sinal de má educação - disse Banford. Mas nós não nos importamos.





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