Banford, sentada na sua cadeira baixa, tentava igualmente ler. Mas sentia-se algo nervosa no meio daqueles dois. Não parava de se mexer e de olhar em volta, ouvindo o sibilar do vento enquanto espreitava furtivamente ora um ora outro dos seus companheiros. March, de costas direitas contra o espaldar da cadeira, as pernas cruzadas sob as calças justas, entregue ao seu croché lento, laborioso, também a deixava preocupada.
- Oh, meu Deus! - exclamou Banford. Os meus olhos não estão nada bons esta noite. - E esfregava-os com os dedos.
O jovem levantou a cabeça, fitando-a com olhos claros e vivos, mas nada disse.
- Ardem-te, é, Bill? - perguntou March distraidamente.
O jovem recomeçou então a ler e Banford viu-se obrigada a voltar ao seu livro. Mas não conseguia estar quieta. Ao fim de algum tempo, olhou para March, um estranho sorriso maldoso desenhando-se-lhe no rosto magro.
- Um penny pelos teus pensamentos, Nellie - disse, de súbito.
March olhou em volta com um ar espantado, os olhos negros muito abertos, tornando-se então muito pálida, como se tomada de pânico. Tinha estado a ouvir o cântico do raposo, elevando-se nos ares com uma tão profunda, inacreditável ternura, enquanto ele errava em torno da casa.
- O quê? - perguntou num tom abstrato.
- Um penny pelos teus pensamentos - repetiu Banford, sarcástica. - Ou até mesmo dois, se forem assim tão profundos.