Mas o rapaz tinha o braço de March bem sujeito sob a sua mão jovem e forte, pelo que ela não pôde dar um passo. E não sabia porque é que lhe era impossível mover-se. Tudo se passava como num sonho, quando o coração tenta empurrar o corpo para diante mas este é incapaz de se mover.
- Deixa estar - disse o rapaz com brandura. - Deixa-a chorar. Deixa-a chorar que é melhor. Mais tarde ou mais cedo, teria sempre de acabar por chorar. E as lágrimas ajudá-la-ão, aliviar-lhe-ão os sofrimentos. Só lhe podem fazer bem, podes crer.
Assim, arrastou March lentamente até à porta, obrigando-a a avançar. Mas não pôde impedi-la de lançar um último olhar para a pobre figurinha que ali ficava, de pé, no meio do quarto, o rosto entre as mãos, os ombros magros sacudidos por espasmos, chorando amargamente.
Ao chegarem à sala de jantar, ele agarrou na manta e disse-lhe:
- Vá, embrulha-te nisto.
Ela obedeceu e continuaram a avançar até atingirem a porta da cozinha, com ele sempre a segurá-la pelo braço, com ternura e firmeza, ainda que ele nem sequer se desse conta disso. Mas, ao ver a noite lá fora, teve um súbito movimento de recuo.
- Eu tenho de ir ter com a Jill! - exclamou, então. - Tenho, tenho! Tenho, sim, tenho!
O seu tom era peremptório. O rapaz soltou-lhe então o braço e ela voltou-se para dentro. Mas, voltando a agarrá-la, ele impediu-a de avançar.
- Espera um minuto - disse. - Espera um minuto. Mesmo que tenhas de ir, não vás ainda.
- Deixa-me! Deixa-me! - gritou ela. - O meu lugar é ao lado da Jill! Pobre pequenina, pobre querida, os seus soluços são de cortar o coração!
- Sim - disse o rapaz amargamente. - Cortam o coração, isso é verdade. O dela, o teu e também o meu.
- O teu coração? - perguntou March. Ele continuava a segurá-la pelo braço, impedindo-a de avançar.