- Não, olhe que é sempre uma hipótese. Acho melhor descer por aquele lado.
- Oh, está bem, deixe-se disso! Vamos mas é a ver essa famosa arte dos Canadianos a abater árvores - replicou ela.
- Então, atenção! - disse ele, pegando no machado e olhando à sua volta para ver se tinha espaço livre.
Houve um momento de pausa, de pura imobilidade, em que o mundo pareceu deter-se, suspenso daquele instante. Então, a sua silhueta pareceu de súbito irromper do nada, avolumando-se gigantesca e terrível, para logo desfechar dois golpes rápidos, fulgurantes, um após outro em sucessão imediata, fazendo com que a árvore finalmente abatida, girasse lentamente, num estranho rodopiar de parafuso, fendendo o ar até descer sobre a terra como um súbito manto de trevas. E só ele viu aquilo que então aconteceu. Só ele ouviu o estranho grito que Banford soltou, um grito débil e abafado, quando viu os ramos superiores a abaterem-se, aquela sombra negra descendo, célere, sobre a terra, desabando, terrível, sobre si. Só ele viu como ela se encolheu, num gesto tímido e instintivo, recebendo na nuca toda a força da pancada. Só ele viu como ela foi atirada longe, como acabou por se estatelar, feita uma massa informe e retorcida, aos pés da vedação. Só ele, mais ninguém. E o rapaz viu tudo isto com uns olhos muito abertos e brilhantes, tão fixos e intensos como se observasse a queda de um pato-bravo que acabasse de abater. Estaria ferida, estaria morta? Não, estava morta. Morta!
De imediato, deu um grande grito. Simultaneamente, March soltou um grito agudo, selvagem, quase que um guincho, que ecoou longe na distância, repercutindo-se, sonoro, na tarde fria e parada.