Eleonora - Cap. 1: Eleonora Pág. 8 / 8

Subitamente, essas manifestações cessaram e o mundo ensombrou-se aos meus olhos; e horrorizei-me perante os pensamentos ardentes que me possuíam, perante as terríveis tentações que de mim se assenhoreavam, pois de uma terra muito longínqua e desconhecida surgiu na alegre corte do rei a quem servia uma donzela diante de cuja beleza o meu infiel coração imediatamente todo se rendeu, e a cujos pés me inclinei sem a menor luta, na mais ardente, na mais abjecta idolatria do amor. Que era, realmente, a minha paixão pela jovem do vale, comparada com o fervor, o delírio, o êxtase inflamado da adoração com a qual derramei toda a minha alma em lágrimas aos pés da etérea Ermengarda? Oh, como era brilhante a seráfica Ermengarda! E esta noção não deixava em mim lugar para qualquer outra. Oh, como era divina a angelical Ermengarda! E ao contemplar as profundezas do seu olhar inesquecível, apenas pensava neles... e nela.

Desposei-a, sem sequer temer a maldição que sobre mim suscitara; e a sua desgraça não me atingiu. E uma vez - mas uma vez mais no silêncio da noite -, por entre as persianas vieram até mim os doces suspiros que me haviam abandonado, modulados numa suave e bem conhecida voz que me dizia:

- Dorme em paz, pois quem governa e reina é o Espírito do Amor, e ao albergares no teu apaixonado coração essa que se chama Ermengarda, estás absolvido, por motivos que no Céu te serão dados a conhecer, da promessa que fizeste a Eleonora.

FIM





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