O Triunfo dos Porcos - Cap. 5: CAPÍTULO V Pág. 38 / 94

Sem dúvida alguma, os bichos não desejavam Jones de volta; e se a realização dos debates do domingo podia ter essa consequência, que cessassem os debates. Sansão, que já tivera tempo de pensar, expressou o sentimento geral: "Se é o que diz o Camarada Napoleão, deve estar certo." E daí por diante adotou a máxima "Napoleão tem sempre razão" acrescentando-a ao seu lema particular "Trabalharei mais ainda".

Já com o tempo melhor, iniciou-se a arada da primavera. O galpão em que Bola-de-Neve desenhara seus planos para o moinho de vento foi trancado e os desenhos provavelmente apagados. Todos os domingos, às dez horas, os animais reuniam-se no grande celeiro para receber as ordens da semana. A caveira do velho Major, já sem carnes, fora desenterrada e colocada sobre um toco ao pé do mastro, junto à espingarda. Após o hasteamento da bandeira, os animais deviam desfilar reverentemente perante a caveira, antes de entrar no celeiro. Já não sentavam todos juntos, como antes. Napoleão, Garganta e outro porco chamado Mínimo, dono de notável talento para compor canções e poemas, aboletavam-se sobre a parte fronteira da plataforma, os nove cachorros em semicírculo ao redor deles e os outros porcos atrás. O restante dos animais ficava de frente para eles, no chão do celeiro. Napoleão lia as ordens da semana num áspero estilo militar e, após cantarem uma única vez Bichos da Inglaterra, os animais se dispersavam.

No terceiro domingo após a expulsão de Bola-de-Neve, os bichos ficaram um tanto surpresos ao ouvirem Napoleão anunciar que o moinho de vento seria, afinal de contas, construído. Não deu qualquer explicação sobre o motivo que o fizera mudar de idéia, apenas alertando os animais de que essa tarefa extraordinária significaria trabalho muito duro, podendo até ser necessário reduzir as rações.





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