O Triunfo dos Porcos - Cap. 10: CAPÍTULO X Pág. 91 / 94

Ocorreram incidentes desagradáveis e ideias errôneas haviam circulado. Parecera a muitos que a existência de uma granja pertencente a animais e por eles administrada era coisa um tanto fora do comum e poderia vir a causar transtornos à vizinhança. Muitos granjeiros supuseram, sem as verificações devidas, que em tal granja prevaleceria um espírito de licensiosidade e indisciplina. Haviam-se preocupado com o efeito de tudo isso sobre seus próprios animais e, até mesmo, sobre seus empregados humanos. Mas todas essas dúvidas estavam agora dissipadas. Hoje ele e seus companheiros haviam visitado a Granja dos Bichos, inspecionando cada metro quadrado com seus próprios olhos, e que haviam encontrado? Não apenas métodos dos mais modernos, mas uma ordem e uma disciplina que podiam servir de exemplo. Julgava poder afirmar que os animais inferiores da Granja dos Bichos trabalhavam mais e recebiam menos comida do que quaisquer outros animais do condado. Para falar a verdade, ele e seus companheiros de visita haviam visto, naquele dia, muita coisa que pretendiam introduzir imediatamente em suas próprias granjas.

Finalizaria suas palavras, continuou, assinalando mais uma vez os sentimentos de amizade, que prevaleciam e deviam prevalecer entre a Granja dos Bichos e seus vizinhos. Entre os porcos e os seres humanos não havia, e eram inteiramente inadmissíveis quaisquer conflitos de interesses. Suas lutas e suas dificuldades eram uma só. Pois o trabalho não constituía o mesmo problema em toda parte? A essa altura evidenciou-se que o Sr. Pilkington pretendia soltar para a platéia algum dito espirituoso, mas por alguns momentos pareceu por demais dominado pelo gozo da própria piada, para poder dizê-la. Depois de muita sufocação, que deixou vermelhos os seus vários queixos, ele conseguiu largá-la: "Se os senhores têm que lutar com os seus animais inferiores, nós temos as nossas classes inferiores".





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