O Triunfo dos Porcos - Cap. 10: CAPÍTULO X Pág. 90 / 94

Os bichos estavam limpando a lavoura de nabos. Trabalhavam diligentemente, mal levantando o olhar do chão e sem saber a quem temer mais, se os porcos, se os visitantes humanos.

Naquela noite, altas risadas e cantorias chegaram da casa. Lá pelas tantas, ante o som das vozes misturadas, os bichos encheram-se de curiosidade. Que estaria acontecendo lá dentro, agora que, pela primeira vez, encontravam-se em teremos de igualdade os animais e os seres humanos? Pensando todos a mesma coisa, dirigiram-se furtivamente para o jardim da casa.

No portão titubearam, um tanto temerosos, mas Quitéria deu o exemplo e entrou. Andaram, pé ante pé, até a casa, e os mais altos espiaram pela janela da sala de jantar. Lá dentro, em volta de uma mesa grande, estavam sentados meia dúzia de granjeiros e meia dúzia de porcos dentre os mais eminentes, Napoleão no lugar de honra, à cabeceira. Os porcos pareciam perfeitamente à vontade em suas cadeiras. O grupo estivera jogando cartas, mas havia interrompido o jogo por instantes, evidentemente para os brindes. Um grande jarro circulava e os copos se enchiam de cerveja. Ninguém notou as caras admiradas dos bichos, que espiavam pela janela.

O Sr. Pilkington, de Foxwood, levantara-se com o copo na mão. Disse que ia convidar os presentes para um brinde. Mas, antes, desejava dizer algumas palavras, que julgava de seu dever pronunciar.

Era motivo de grande satisfação para ele - e tinha certeza de que falava por todos os demais -sentir que o longo período de desconfianças e desentendimentos chegara ao fim. Tempo houvera - não que ele ou qualquer dos presentes tivesse pensado dessa maneira -, mas tempo houvera em que os respeitáveis proprietários da Granja dos Bichos haviam sido olhados, não diria com hostilidade, mas com uma certa apreensão, por seus vizinhos humanos.





Os capítulos deste livro