Sinopse:
Entre o «asno» e o «cavalo» do mote inicial oscilará Inês Pereira, a personagem principal, jovem casadoira mas exigente. O «asno» é Pêro Marques, o seu primeiro pretendente, que lhe é trazido por Lianor da Vaz, alcoviteira típica do tempo. Pêro Marques, lavrador inculto que nunca viu sequer uma cadeira, personifica a rusticitas, que porque se opõe diametralmente à urbanitas cortês, à referida cultura assente em convenções comportamentais, não deixa de provocar o riso, assim funcionando como mecanismo subliminar do auto-elogio da Corte. Inês Pereira recusa-o, pois pretende antes alguém que demonstre alguma urbanidade, alguém que, à boa maneira da Corte, saiba combater, fazer versos, cantar e dançar, alguém como Brás da Mata, o segundo pretendente, que lhe é trazido pelos Judeus Casamenteiros, um pouco menos sinceros e bem-intencionados do que Lianor Vaz. As farsas são diametralmente opostas às «moralidades» e baseiam-se em temas da vida quotidiana, tendo um enredo cómico e profano.