Odisseia - Cap. 14: Telémaco Reconhece Ulisses Pág. 107 / 129

suspiros te custou, e a tantas injúrias e insolências dos pretendentes te expôs…»

E, dizendo isto, abraça e beija ternamente o filho, enquanto incontidas lágrimas de alegria lhe deslizavam lentamente pelas faces... Mas Telémaco duvidava...

Um mendigo transformado no homem vigoroso e sadio que tinha na frente - só obra divina com certeza! Não, não podia ser Ulisses quem ali estava! Por muito habilidoso que fosse seu pai nunca seria capaz de tão súbitas e perfeitas metamorfoses!...

- «Meu querido Telémaco, - disse Ulisses - não te recuses a acreditar a verdade. Sou Ulisses. O milagre a que assistes devemo-lo a Minerva, que nunca nos abandonou. Para minha segurança, tornou-me igual a um mendigo; e agora, para que me reconheças, restituiu-me as feições que sempre conheceste. Abraça-me. Sou teu pai.»

Telémaco não hesitou mais. Lançou-se-lhe ao pescoço. Longo tempo estiveram os, dois abraçados, rindo e chorando sem poder falar.

Enfim, Telémaco, dominando-se, quis saber tudo quanto sucedera a Ulisses. Foi urna narração longa... Calipso, Polifemo, Sila e Caribdes, e todos os monstros que Ulisses vira, e os temporais que vencera, e as desgraças a que tinha escapado, e as navegações e perigos que arrostara e a persistência na





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