Odisseia - Cap. 7: Polifemo e Ninguém Pág. 51 / 129

olho cerrado do ciclope enterramos o madeiro pontiagudo. Faço-o andar à roda, como penetrante verruma. E, antes mesmo que o ciclope acordasse, já o tínhamos cegado.

Mas desperta, por fim, e começa a bramir raivosamente, torcendo-se de dores. Afastámo-nos para longe, não fosse ele deitar-nos a mão! O monstro gritava por socorro, chamava aflitivamente os outros ciclopes. Vêm todos, acodem todos, e do lado de fora do antro, fechado ainda, interrogam-no:

- Que te aconteceu, Polifemo? Porque nos acordas no meio da noite? Quem te fez mal? Alguém atenta contra a tua vida?

O terrível Polifemo responde lá de dentro: -"Ai! meus amigos, é NINGUÉM que me mata, é NINGUÉM!

- Então, dizem eles, se ninguém te faz mal, de que te queixas? O teu mal não tem remédio, e não lhe sabemos a causa. Tem paciência e sofre com resignação...

E voltaram para as suas cavernas, enquanto eu ria ao pensar na bela ideia que tivera, baptizando-me com o nome de NINGUÉM...

Furioso, Polifemo arrastou-se até à entrada da caverna, empurrou o pedregulho que a tapava, e sentou-se no limiar, abrindo os braços. Imaginava ele que eu era bastante imprudente para fugir logo. Não, não era ocasião para tentar o destino!





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