Odisseia - Cap. 8: Éolo e Circe Pág. 64 / 129

Não usou de nenhum malefício contra nós. Albergou - nos generosamente, e durante um largo ano vivemos vida calma e segura no seu rico palácio. Mas pensávamos constantemente na Pátria e no lar distantes. E nem o descanso nos aproveitava tanto como seria para desejar! Ainda nesse ponto, Circe se mostrou bem diversa do que fora ao princípio. Aconselhou - nos a esquecer os males passados, e a restaurarmos as nossas forças - para o esforço, que sem dúvida teríamos de realizar para chegar à Pátria. E todos os dias inventava distracções novas, jogos, banquetes, divertimentos. O tempo corria célere, retomávamos saúde e coragem, e no fim do ano, sentimo-nos dispostos aos mais difíceis e arriscados empreendimentos...

Supliquei-lhe, pois, que nos deixasse embarcar, e regressar a Ítaca. Não se opôs a deusa generosa.

Mas exigiu-me urna promessa: - é que eu visitaria os Infernos, para ali ouvir, da boca do sábio Tirésias, cego dos olhos, mas vidente do Futuro, a maneira mais fácil e rápida de alcançar o berço natal. Como não prometer? Era um dever de gratidão - submeter-me ao pedido de Circe. E, depois, não nos diria Tirésias precisamente o que eu desejava saber: o melhor caminho e o melhor processo para terminar com o nosso longo exílio sobre o mar?





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