O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 149 / 279
- Tome os 1000 francos que ela me quis dar sobre o que ganhámos. Guardai-os para ela no colete.
Goriot olhou para Eugène, estendeu-lhe a mão para apertar a dele, onde deixou cair uma lágrima.
- Irá longe na vida - disse-lhe o velhote. - Deus é justo, sabe? Eu conheço a honestidade, e posso assegurar-lhe que há muito poucos homens iguais a si. Quer então também ser meu querido filho? Ide dormir. Pode dormir, ainda não é pai. Ela chorou, sei disso, eu, que estava aqui tranquilamente a comer como um imbecil enquanto ela sofria; eu, eu que venderia o Pai, o Filho e o Espírito Santo para evitar a ambas uma lágrima sequer!
«Por minha honra», pensou Eugène ao deitar-se. «Penso que serei um homem honesto toda a minha vida. Que prazer em seguir as inspirações da consciência.»
Talvez só aqueles que acreditam em Deus façam o bem em segredo, e Eugène acreditava em Deus.
No dia seguinte, à hora do baile, Rastignac foi a casa da senhora de Beauséant, que o levou para apresentar à duquesa de Carigliano. Aí recebeu o mais gracioso acolhimento da marechala, na casa de quem encontrou a senhora de Nucingen. Delphine tinha-se vestido com a intenção de agradar a todos para assim melhor agradar a Eugène, de quem esperava impacientemente um olhar, pensando esconder a sua impaciência. Para aquele que sabe" adivinhar as emoções de uma mulher, este momento é cheio de delícias. Quem não se compadeceu muitas vezes em fazer esperar a sua opinião, em mascarar orgulhosamente o seu prazer, em procurar revelações nas