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Capítulo 1: O PAI GORIOT

Página 148
- Até segunda-feira no baile - disse ela.

Indo-se embora a pé, com um belo luar, Eugène caiu em reflexões muito sérias. Estava simultaneamente feliz e descontente: feliz por uma aventura cujo provável desfecho lhe trazia uma das mais belas e mais elegantes mulheres de Paris, objecto de seus desejos; descontente por ver os seus projectos de fortuna deitados abaixo, e foi então que sentiu a realidade dos pensamentos indecisos aos quais se tinha entregue na antevéspera. A falta de sucesso acusa-nos sempre o poder das nossas pretensões. Quanto mais Eugène gozava da vida parisiense, menos queria ficar desconhecido e pobre. Amarrotava a nota de 1000 francos no bolso, imaginando mil razões capciosas para se apropriar dela. Por fim chegou a Rua Neuve-Sainte-Cenevieve, e quando estava no cimo da escada viu lá luz. O pai Goriot tinha deixado a porta aberta e a vela acesa para que o estudante não se esquecesse de lhe relatar a filha, segundo uma expressão sua. Eugène não lhe escondeu nada.

- Mas - gritou o pai Goriot num violento desespero de ciúme pensam que estou arruinado, ainda tenho 1300 libras de rendimento! Meu Deus! Pobre pequena, por que não veio aqui! Teria vendido os meus rendimentos, teríamos tirado sobre o capital, ficando o resto a render. Por que não veio confiar-me o apuro dela, meu querido vizinho? Como teve coração para ir arriscar no jogo os pobres 100 francos? É de cortar a alma. Eis o que são os genros! Oh! Se os apanhasse, apertar-lhes-ia os pescoços. Meu Deus! Chorar, ela chorou?

- Com a cabeça encostada no meu colete - disse Eugène.

- Oh! Dai-me esse colete - disse o pai Goriot. - Como! Houve

aqui lágrimas de minha filha, da minha querida Delphine, que nunca chorava quando era pequena! Oh! Cornprar-lhe-ei outro, não o usai mais, deixai-mo.

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Capa do livro O Pai Goriot
Páginas: 279
Página atual: 148

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
O PAI GORIOT 1