- Meu rapaz, não somos suficientemente espertos para lutar contra o nosso papá Vautrin e ele ama-vos demasiado para vos deixar fazer parvoíces. Quando tenho algo resolvido, só o bom Deus é suficientemente forte para me cortar o caminho. Ah! Queríamos ir avisar o pai Taillefer, cometer erros infantis! O forno está quente, a farinha amassada, o pão está na pá; amanhã faremos estalar as migalhas por cima das nossas cabeças mordendo nele, e iríamos impedir de pôr tudo no forno?... Não, não, tudo cozerá! Se temos algum pequeno remorso a digestão irá levá-lo. Enquanto dormirmos o nosso pequeno sono, o coronel conde Franchessini abrir-lhe-á a sucessão de Michel Taillefer com a ponta da sua espada. Ao herdar do irmão, Victorine terá 15 000 francozinhos de rendimento. Já me informei e sei que a sucessão da mãe sobe a mais de 300 000...
Eugène ouvia estas palavras sem poder responder, sentia a língua colada ao palato e estava entregue a uma sonolência invencível, já só via a mesa e as figuras dos convivas por entre um nevoeiro luminoso. Depressa o barulho se apaziguou, os pensionistas foram-se um a um. Depois, quando só restou a senhora Vauquer, a senhora Couture, a menina Victorine, Vautrin e o pai Goriot, Rastignac avistou, como se tivesse sonhado, a senhora Vauquer ocupada a apanhar as garrafas vazias para voltar a enchê-las.
- Ah! Como são loucos, são jovens! - Dizia a viúva. Foi esta a última frase que Eugène compreendeu.
- Só o senhor Vautrin para fazer destas comédias - disse Sylvie. Ora, ali está Christophe que ressona como um porco.