O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 179 / 279

- Adeus, mamã Vauquer - disse Vautrin. - Vou até ao bairro admirar o Sr. Marty em O Monte Selvagem. Se quiser, levo-a, tal como estas senhoras.

- Agradeço-lhe - disse a senhora Couture.

- Como, minha vizinha! - gritou a senhora Vauquer -, recusa ir ver uma peça retirada de O Solitário, uma obra escrita por Atala de Chateaubriand, e que gostávamos tanto de ler, que é tão bela que chorávamos como Maria Madalena debaixo das tílias este Verão passado, enfim uma obra moral, que pode ser susceptível de instruir a sua menina?

- É-nos proibido ir à comédia - respondeu Victorine.

- Ora boa, estes já se foram - disse Vautrin, abanando de forma cómica a cabeça do pai Goriot e de Eugène.

Ao colocar a cabeça do estudante na cadeira, para que ele pudesse dormir mais comodamente, beijou-o calorosamente na testa, cantando:


Dormi, meus queridos amores!
Por vocês estarei sempre alerta.

- Temo que esteja doente - disse Victorine.

- Ficai então para tratar dele - continuou Vautrin. - É - soprou-lhe ao ouvido - o seu dever de mulher submetida. Ele adora-vos, este jovem, e você será a sua mulher, garanto-lhe. Enfim - disse em voz alta -, foram . amados em todo o país, viveram felizes, e tiveram muito filhos. Eis como acabam todos os romances de amor. Vamos, mamã - disse virando-se para a senhora Vauquer, que apertou - ponhao chapéu, o belo vestido de flores, o lenço da condessa. Vou buscar um fiacre, eu mesmo. - E saiu cantando:


Sol, sol, divino sol,
Tu que fozes crescer as abóboras...

- Meu Deus! Ouça lá, senhora Couture, este homem far-me-ia viver feliz até em cima dos telhados. Vamos- disse virando-se para o fabricante de aletria - eis que o pai Goriot já se foi. Este velho egoísta nunca teve a ideia de me levar onde quer que fosse.





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