O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 205 / 279

Ajudava a carregar os móveis. Ah! Ah! Não sabe como ela é boa à mesa, irá ocupar-se de mim: «Tomai, papá, comei disto, é bom.» E, então, não posso comer. Oh! Há tanto tempo que não estou tranquilo com ela como vamos estar!

- Mas - disse-lhe Eugène - hoje o mundo ficou virado de pernas para o ar?

- De pernas para o ar? - disse o pai Goriot - Mas em nenhuma época o mundo esteve tão bem. Só vejo figuras alegres na rua, pessoas que apertam as mãos, que se beijam, gente feliz como se fossem todos jantar com as filhas, comer um belo jantar que ela encomendou à minha frente ao chefe do Café des Anglais. Mas ora! Ao pé dela o azebre seria doce como mel.

- Até parece que volto a viver - disse Eugène.

- Mas despachai-vos, cocheiro - gritou o pai Goriot abrindo a janela da frente. - Ide mais depressa, dar-vos-ei 5 francos para beber se me puserdes lá em dez minutos.

Ao ouvir esta promessa, o cocheiro atravessou Paris com a rapidez de um raro.

- Não é bom, este cocheiro - dizia o pai Goriot.

- Mas onde me leva? - perguntou-lhe Rastignac.

- A sua casa - disse o pai Goriot.

O carro parou na Rua d'Artois. O velhote desceu primeiro e lançou 10 francos ao cocheiro, com a prodigalidade de um homem viúvo que, no paroxismo do seu prazer, esbanja tudo.

- Vamos, subamos - disse a Rastignac, fazendo-o atravessar um pátio e conduzindo-o à porta de um apartamento situado no 3.° andar, na parte de trás de uma casa nova e de boa aparência.

O pai Goriot não precisou de tocar. Thérèse, a criada de quarto da senhora Nucingen, abriu-lhes a porta. Eugène encontrou-se num delicioso apartamento de rapaz, composto por uma sala de espera, um pequeno salão, um quarto de dormir e um gabinete com vista sobre o jardim. No pequeno salão,





Os capítulos deste livro