- Como? - disse Eugène.
- Sim, ela não queria, tinha medo daquilo que se pudesse dizer, como se o mundo valesse a felicidade! Mas todas as mulheres sonham fazer o que ela fez...
O pai Goriot falava sozinho, a senhora de Nucingen tinha levado Rastignac para o gabinete onde o barulho de um beijo soou, apesar de dado ao de leve. Esta divisão estava de acordo com a harmonia do apartamento, no qual nada faltava.
- Será que adivinhámos bem os seus desejos? - disse ela, voltando para o salão para pôr a mesa.
- Sim - disse o rapaz -, demasiado bem. Infelizmente! Este luxo tão completo, estes belos sonhos realizados, todas as poesias de uma vida jovem, elegante, sinto-os demasiado para não os merecer, mas não os posso aceitar de si e sou demasiado pobre ainda para...
- Ah! Ah! Já me está a resistir - disse ela com um pequeno ar de autoridade brincalhona fazendo uma dessas belas caretas que fazem as mulheres quando querem gozar com algum escrúpulo para melhor o afastar.
Eugène tinha-se interrogado de forma demasiado solene durante este dia, e a prisão de Vautrin, ao mostrar-lhe a profundidade do abismo no qual tinha quase caído, tinha corroborado os seus sentimentos nobres e a sua delicadeza para que cedesse a esta refutação acariciante das suas generosas ideias. Uma tristeza profunda apoderou-se dele.
- Como! - disse a senhora de Nucingen. -. Recusaria? Sabe o que significa tal recusa? Duvida do futuro, não ousa ligar-se a mim.