O pai Goriot tinha o sorriso fixo de um fumador de ópio ao ver, ao ouvir esta bela discussão.
- Minha criança, você está na entrada da vida - recomeçou ela, pegando na mão de Eugène. - Encontra uma barreira incontornável para muitas pessoas, uma mão de mulher dá-lhe a chave da porta de passagem, e você recua! Mas terá êxito, alcançará uma fortuna brilhante, o sucesso está escrito nessa bela testa. Não poderá então devolver-me aquilo que lhe empresto hoje? Antigamente, as senhoras não davam aos seus cavaleiros armaduras, espadas, capacetes, cotas de malha, cavalos, para que pudessem ir combater em nome delas nos torneios? Pois bem, Eugène, as coisas que lhe ofereço são as armas daquela altura, instrumentos necessários para quem quer ser alguém. É bonito, o sótão onde você vive, se for igual ao quarto do papá. Vejamos, será que não vamos jantar? Quer entristecer-me? Responda-me então? - disse-lhe, sacudindo-lhe a mão. - Meu Deus, papá, fá-lo decidir, senão saio e não o volto a ver mais.
- Vou convencê-lo - disse o pai Goriot, saindo do êxtase em que se encontrava.