- Ah! Meu pai - disse ela - queira o céu que tenha tido a ideia de pedir contas da minha fortuna a tempo de eu não ficar arruinada! Posso falar?
- Sim, a casa está vazia - disse o pai Goriot com uma voz alterada.
- Que tendes, meu pai? - continuou a senhora de Nucingen.
- Acabas - respondeu o velhote - de me dar um duro golpe na cabeça. Deus te perdoe, minha filha! Não sabes o quanto eu te amo, se o tivesses sabido, não me terias dito tão repentinamente uma coisa tal, sobretudo se nada está perdido. Que te aconteceu de tão aflitivo para que tenhas vindo aqui quando dentro de alguns instantes estaremos na Rua d'Artois?
- Ora, meu pai, seremos nós donos do primeiro impulso numa catástrofe? Sou doida! O seu advogado revelou-nos um pouco mais cedo a desgraça que talvez vá rebentar mais tarde. A sua velha experiência comercial vai-nos ser necessária e acorri para vir buscá-lo como alguém que se agarra a um ramo quando se está a afogar. Quando o senhor Derville viu o senhor de Nucingen pôr-lhe mil e um obstáculos, ameaçou-o com um processo dizendo-lhe que a autorização do presidente do tribunal seria obtida rapidamente. Nucingen veio esta manhã aos meus aposentos para me perguntar se eu queria a ruína dele e a minha.