O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 44 / 279

No momento em que os sete convidados se sentaram à mesa desejando-se bom dia, tocavam as dez horas, ouviu-se na rua os passos do estudante.

- Ah! Bem, senhor Eugène - disse Sylvie -, hoje vai almoçar com toda a gente.

O estudante cumprimentou os pensionistas e sentou-se junto do pai Goriot.

- Acabou de me acontecer uma aventura singular - disse, servindo-se fartamente de carneiro e cortando um pedaço de pão que a senhora Vauquer media a olho.

- Uma aventura! - disse Poiret.

- E então, qual é o espanto, meu amigo? - disse Vautrin a Poiret. - O senhor está na idade de as ter.

A menina Taillefer deitou timidamente um olhar ao jovem estudante.

- Conte-nos a sua aventura - pediu a senhora Vauquer.

- Ontem, estava no baile na casa da viscondessa de Beauséant, uma prima minha, que possui uma casa magnífica, apartamentos revestidos de seda, enfim, que nos deu uma festa esplêndida, onde me diverti como um rei...

- Reizinho - disse Vautrin, interrompendo-o de imediato.

- Senhor - retomou vivamente Eugène -, que quer dizer?

- Digo reizinho, porque esses se divertem mais do que os reis.

- É verdade, gostaria mais de ser esse pequeno pássaro sem ocupações do que rei, porque... - disse Poiret.

- Enfim - retomou o estudante, cortando-lhe a palavra -, estou a dançar com uma das mais belas mulheres do baile, uma condessa maravilhosa, a mais deliciosa criatura que jamais vi. Tinha na cabeça flores de pessegueiro, de lado o mais belo ramo de flores, flores naturais que cheiravam divinamente; mas, ora essa!, teriam que a ter visto, é impossível retratar uma mulher animada pela dança. Pois bem! Eis que, esta manhã, encontrei esta divina condessa, por volta das nove horas, a pé, na Rua de Grês, Oh! O coração palpitava-me, pensava.





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