- Por que razão - disse a viscondessa rindo - não pode vir aos Italianos?
- Negócios! Janto na casa do embaixador de Inglaterra.
- Deixá-los-á.
Quando um homem mente, é obrigado a acumular mentira atrás de mentira. O senhor de Ajuda disse, então, rindo: - Está a exigi-lo?
- Sem dúvida.
- Era o que queria ouvir - respondeu, deitando um desses olhares que teria aliviado qualquer outra mulher. Pegou na mão da viscondessa, beijou-a e saiu.
Eugène passou a mão pelos cabelos e contorceu-se para cumprimentar pensando que a senhora de Beauséant iria lembrar-se dele, de repente esta atirou-se, precipitou-se na galeria, acorreu até à janela e viu o senhor de Ajuda quando este subiu para a carruagem, aguçou o ouvido para ouvir a ordem que este dava, e ouviu o criado repetindo ao cocheiro:
- Para a casa do senhor de Rochefide.
Estas palavras, e a forma como Ajuda mergulhou para dentro da viatura, foram o raio e a trovoada para esta mulher, que voltou para dentro entregue a apreensões mortais. As mais horríveis catástrofes não passam disso no grande mundo. A viscondessa entrou no quarto de dormir, pôs-se à mesinha e pegou num belo papel.
A partir do momento [escrevia] em que janta na casa dos Rochefide e não na Embaixada Inglesa, deve-me uma explicação, estou à sua espera.