Após ter recomposto algumas letras desfiguradas pelo tremer convulsivo da mão, pôs um C que queria dizer Claire de Bourgogne (nome de solteira) e tocou a campainha.
- Jacques - disse ao criado de quarto que veio logo -, irá às sete e meia à casa do senhor de Rochefide, perguntará pelo senhor de Ajuda. Se o senhor marquês lá estiver, entregar-lhe-á este bilhete sem esperar pela resposta, se não estiver, voltará com a carta que me entregará de novo.
- A senhora viscondessa tem unia pessoa no salão à sua espera. Eugène começava a sentir-se muito mal, por fim avistou a viscondessa que lhe disse num tom que a emoção fazia vibrar:
- Desculpe, tinha urna carta para escrever, estou agora à sua disposição. - Não sabia o que dizia, pois eis o que pensava: Ah! ele quer casar com a menina de Rochefide. Mas pensa então que está disponível? Esta noite o casamento estará desfeito, ou eu... Mas amanhã já nem se falará disso.
- Minha prima... - respondeu Eugène.
- Como? - respondeu a viscondessa, deitando-lhe um olhar cuja impertinência gelou o estudante.
Eugène compreendeu esse «como». Durante as últimas três horas tinha aprendido tantas coisas, que estava alerta.
- Minha senhora - retomou corando. Hesitou, depois disse continuando. - Desculpe-me, preciso tanto de protecção que um pedaço de parentesco não viria estragar nada.
A senhora de Beauséant sorriu, mas tristemente, já sentia a desgraça que ressoava na atmosfera.
- Se conhecesse a situação em que se encontra a minha família disse, continuando -, gostaria de desempenhar o papel de uma dessas fadas fabulosas que se divertem em dissipar os obstáculos dos seus afilhados.
- Ah! Pois bem, meu primo - disse rindo -, em que posso ser-lhe útil?
- Mas será que sei? Pertencer-lhe por um laço de parentesco que se perde na sombra é já uma fortuna completa.