104 - (Fala do Gama ao Rei de Melinde) 
“Ó tu, que só tiveste piedade, 
Rei benigno, da gente Lusitana, 
Que com tanta miséria e adversidade 
Dos mares experimenta a fúria insana; 
Aquela alta e divina Eternidade, 
Que o Céu revolve e rege a gente humana, 
Pois que de ti tais obras recebemos, 
Te pague o que nós outros não podemos.
 
 
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“Tu só, de todos quantos queima Apolo, 
Nos recebes em paz, cio mar profundo; 
Em ti dos ventos hórridos de Eolo 
Refúgio achamos bom, fido e jocundo. 
Enquanto apascentar o largo Pólo 
As Estrelas, e o Sol der lume ao Mundo, 
Onde quer que eu viver, com fama e glória 
Viverão teus louvores em memória.”