106 - (Visita do Rei de Melinde à Frota)
Isto dizendo, os barcos vão remando
Para a frota, que o Mouro ver deseja;
Vão as naus uma e uma rodeando,
Porque de todas tudo note e veja.
Mas para o céu Vulcano fuzilando,
A frota coas bombardas o festeja,
E as trombetas canoras lhe tangiam;
Co’os anafis os Mouros respondiam.
107
Mas depois de ser tudo já notado
Do generoso Mouro, que pasmava
Ouvindo o instrumento inusitado,
Que tamanho terror em si mostrava,
Mandava estar quieto e ancorado
Na água o batel ligeiro que os levava,
Por falar de vagar co’o forte Gama,
Nas cousas de que tem notícia e faina.
Pede o Rei ao Gama que Lhe Narre a História de
Portugal da Viagem que Realizou