“Estou muito satisfeito por saber que a duquesa minha senhora escreveu a minha mulher Teresa Pança, e lhe enviou o presente que Vossa Mercê diz, e procurarei mostrar-me agradecido a seu tempo: beije-lhe Vossa Mercê as mãos pela minha parte, dizendo que digo eu que o não deitou em saco roto, como verá.
“Não quereria que Vossa Mercê, senhor meu, tivesse dares e tomares com esses senhores; porque, se Vossa Mercê se zanga com eles, claro está que há-de redundar tudo em meu prejuízo, e não será bem que, dando-me de conselho o ser agradecido, o não seja Vossa Mercê com quem tantas Mercês lhe tem feito, e com tantos regalos o tratou no seu castelo.
“Isso de arranhaduras não entendo; mas imagino que deve de ser alguma das malfeitorias que, com Vossa Mercê, costumam praticar os nigromantes; eu o saberei quando nos virmos. Quereria mandar a Vossa Mercê alguma coisa, mas não sei o que lhe mande, a não ser uns canudos com bexigas, que aqui se fazem muito bem; ainda que, se me durar o ofício, verei se posso mandar coisa de mais valia. Se minha mulher Teresa Pança me escrever, pague Vossa Mercê o porte, e mande-me a carta, que tenho grandíssimo desejo de saber o estado de minha casa, de minha mulher e de meus filhos.