Alma - Cap. 7: Capítulo 7 Pág. 23 / 51

Devo confessar que sempre que examino ao infatigável Aristóteles, ao doutor Angélico e ao divino Platão, tomo por motes estes epítetos que se lhes aplicam. Parece-me que todos os filósofos se tem ocupado da alma humana, cegos, charlatães e temerários, que fazem esforços para persuadir-nos de que tem vista de águia, e vejo que há outros amantes da filosofia, curiosos e loucos, que os acreditam em sua palavra, imaginando, por sugestão, que vêem algo.

Não vacilo em colocar na categoria de mestres de erros Descartes e Malebranche. Descartes nos assegura que a alma do homem é uma substância, cuja essência é pensar que pensa sempre, e que se ocupa desde o ventre da mãe de ideias metafísicas e de ações gerais que esquece em seguida. Malebranche está convencido de que todo vemos em Deus. Se encontrou partidários, é porque as fábulas mais atrevidas são as que melhor recebem a débil imaginação do homem.

Muitos filósofos têm escrito a novela da alma; Porém um sábio é o único que tem escrito modestamente sua história. Compendiarei essa história segundo a concebo. Compreendo que todo o mundo não estará de acordo com as ideias de Locke: pode ser que Locke tenha razão contra Descartes e Malebranche, e que se equivoque sobre Sorbonne; porém eu falo do ponto de vista da filosofia, não do ponto das revelações da fé.

Só me corresponde pensar humanamente. Os teólogos que decidam respeito do divino: a razão e a fé são de natureza contrária.





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