Grandes filósofos, que decidis sobre o poder de Deus, e ao mesmo tempo concedeis que pode Deus converter uma pedra em um anjo (Mateus, cap. III, vers. 9.), não compreendeis que segundo suas mesmas teorias e no citado caso, Deus concederia à pedra a faculdade de pensar? Se a matéria da pedra desaparecera, não seria pedra, seria anjo. De qualquer parte que questioneis, os vereis obrigados a confessar duas coisas, sua ignorância e o poder imenso do Criador: sua ignorância nega que a matéria possa pensar, e a onipotência do Criador nos demonstra que lhe é possível conseguir que a matéria pense.
Sabendo que a matéria não perece, não deveis negar a Deus o poder de conservar nessa mesma matéria a melhor das qualidades de que a dotou. A extensão subsiste sem corpo por si mesma, já que há filósofos que acreditam no vazio; os acidentes subsistem independentes da substância para os cristãos que acreditam na substanciação. Dizeis que Deus não pode fazer nada que implique contradição, porém para encontrar esta se necessita saber muito mais do que sabemos; e nesta matéria só sabemos que temos corpo e que pensamos.