A Escrava Isaura - Cap. 16: Capítulo 16 Pág. 137 / 185

- O senhor é bem engenhoso. - observou Álvaro sorrindo-se; - mas os que a viram nenhum crédito darão a tudo isso. Resta, porém, ainda uma dificuldade, senhor Martinho; é a confissão que ela fez em público!... isto há de ser custoso de embaraçar-se.

- Qual custoso!... alega-se que ela é sujeita a acessos de histerismo, e é sujeita a alucinações.

- Bravo, senhor Martinho; confio absolutamente em sua perícia e habilidade. E depois?

- E depois comunico tudo isso ao chefe de polícia, declaro-lhe que nada mais tenho com esse negócio, passo a procuração a qualquer meirinho, ou capitão-do-mato, que se queira encarregar dessa diligência, e em ato contínuo escrevo ao senhor da escrava comunicando-lhe o meu engano, com o que ele por certo desistirá de procurá-la mais por aqui, e levará a outras partes as suas pesquisas. Que tal acha o meu plano?...

- Admirável, e cumpre não perdermos tempo, senhor Martinho.

- Vou já neste andar, e em menos de duas horas estou aqui de volta, a dar parte do desempenho de minha comissão. - Aqui não, que não poderei demorar-me muito. Espero-o em minha casa, e lá receberá a soma convencionada.

- Podem-se retirar, - disse Martinho ao oficial de justiça e aos guardas, que se achavam postados do lado de fora da porta. - Sua presença não é mais necessária aqui. Não há dúvida! - continuou ele consigo mesmo: - isto vai a dobrar como no lansquenê. Esta escrava é uma mina, que me parece não estar ainda esgotada.

E retirou-se, esfregando as mãos de contentamento.

- Então, que arranjo fizeste com o homem, meu Álvaro? - perguntou Geraldo, apenas Martinho voltou as costas.





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