A Escrava Isaura - Cap. 5: Capítulo 5 Pág. 29 / 185

- Ah! deveras!... que malbados!... ter assim no catibeiro a rainha da Jermosura!... mas não importa, Isaura; terei mais gosto em ser escravo de uma escrava como tu, do que em ser senhor dos senhores de cem mil cativos. Isaura!... não fazes ideia de como te quero. Quando vou molhar as minhas froles, estou a lembrar-me de ti com uma soidade!...

- Deveras! ora viu-se que amor!...

- Isaura! - continuou Belchior, curvando os joelhos, - tem piedade deste teu infeliz cativo...

- Levante-se, levante-se, - interrompeu Isaura com impaciência. - Seria bonito que meus senhores viessem aqui encontrá-lo fazendo esses papéis!... que estou-lhe dizendo?... ei-los aí!... ah! senhor Belchior!

De feito, de um lado Leôncio, e de outro Henrique e Malvina, os estavam observando. Henrique, tendo-se retirado do salão, despeitado e furioso contra seu cunhado, assomado e leviano como era, foi encontrar a irmã na sala de jantar, onde se achava preparando o café e ali em presença dela não hesitou em desabafar sua cólera, soltando palavras imprudentes, que lançaram no espírito da moça o germe da desconfiança e da inquietação.

- Este teu marido, Malvina, não passa de um miserável patife - disse bufando de raiva.

- Que estás dizendo, Henrique?!... que te fez ele?... - perguntou a moça, espantada com aquele rompante.

- Tenho pena de ti, minha irmã... se soubesses... que infâmia!...

- Estás doido, Henrique!... o que há então?

- Permita Deus que nunca o saibas!... que vilania!...

- O que houve então, Henrique?... fala, explica-te por quem és, - exclamou Malvina, pálida e ofegante no cúmulo da aflição. - Oh! que tens?...

- Não te aflijas assim, minha irmã, - respondeu Henrique, já arrependido das loucas palavras que havia soltado.





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