A Escrava Isaura - Cap. 7: Capítulo 7 Pág. 52 / 185

- Qual!... não acredito; não é aqui teu lugar. Mas também por outra banda estimo bem isso.

-Por quê?

- Porque, enfim, Isaura, a falar-te a verdade, gosto muito de você, e aqui ao menos podemos conversar mais em liberdade...

- Deveras!... declaro-te desde já que não estou disposta a ouvir tuas liberdades.

- Ah! é assim! - exclamou André todo enfunado com este brusco desengano.

- Então a senhora quer só ouvir as finezas dos moços bonitos lá na sala!... pois olha, minha camarada, isso nem sempre pode ser, e cá da nossa laia não és capaz de encontrar rapaz de melhor figura do que este seu criado. Ando sempre engravatado, enluvado, calçado, engomado, agaloado, perfumado, e o que mais e, - acrescentou batendo com a mão na algibeira, - com as algibeiras sempre a tinir. A Rosa, que também é uma rapariguinha bem bonita, bebe os ares por mim; mas coitada!... o que é ela ao pé de você?... Enfim, Isaura, se você soubesse quanto bem te quero, não havias de fazer tão pouco caso de mim. Se tu quisesses, olha... escuta. E dizendo isto o maroto do pajem, avizinhando-se de Isaura, foi-lhe lançando desembaraçadamente o braço em torno do colo, como quem queria falar-lhe em segredo, ou talvez furtar-lhe um beijo.

- Alto lá! - exclamou Isaura repelindo-o com enfado. - Está ficando bastante adiantado e atrevido. Retire-se daqui, se não irei dizer tudo ao senhor Leôncio.

- Oh! perdoa, Isaura; não há motivo para você se arrufar assim. És muito má, para quem nunca te ofendeu, e te quer tanto bem. Mas deixa estar, que o tempo há de te amaciar esse coraçãozinho de pedra. Adeus; eu já me vou embora; mas olha lá, Isaura; pelo amor de Deus, não vá dizer nada a ninguém. Deus me livre que sinhó moço saiba do que aqui se passou; era capaz de me enforcar.





Os capítulos deste livro