Maria Moisés - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 25 / 86

António levantou o rosto e redarguiu:

– Não se ultraja assim a memória de minha mãe.

O velho nutava entre a cólera e a vergonha. Estendeu o braço, e apontou-lhe a porta, rugindo:

– Espere as minhas ordens no seu quarto.

Ao outro dia, um mandado da regência ao intendente-geral da polícia ordenava a prisão do cadete de cavalaria, António de Queirós e Meneses, no Limoeiro.

 

 

Josefa esperava confiada, mas aflita. Não sabia escrever, não tinha ninguém a quem pedir a esmola de uma carta. A mãe olhava para ela com atenção, mas sem desconfiança. Fazia-lhe umas perguntas da maior naturalidade, e inferia das respostas que a rapariga não estava sã. O cirurgião da terra, que matava pelo Portugal Médico e pelo Mirandela, receitava-lhe emplastos de ervas de orjavão e semprónia, fervidas em um quartilho de aguardente. Ao fim de quatro meses, João da Laje, que matava o bicho todos os dias, e tão copiosamente como se tivesse no estômago a arca de todas as bestas- feras diluviais, queixou-se rusticamente das sangrias que sofrera o pipo. A mulher refilou; e, no apuro da sua indignação, bradou-lhe:

– Ainda eu te veja como está a rapariga!





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