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Capítulo 3: Capítulo 3

Página 86

– À minha ama?! – bradou o ancião.

– À sua ama.

– Mil anjos o acompanhem na vida e na morte, senhor general! – exclamou Maria.

– Mil anjos são muitos – disse ele. – Um anjo só me basta na vida, e esse quero eu que me assista na morte. – E, tomando as mãos de Maria, prosseguiu: – Se eu morrer debaixo da luz dos teus olhos, Deus me chamará a si, não pelos meus merecimentos, mas pelas virtudes de minha filha. Pedirás então a Deus por teu pai, Maria?

– Eu! Jesus! Eu! Sua filha! – clamou ela, pondo as mãos convulsas, quando ele a beijava na fronte. Maria caiu de joelhos, pendente dos braços do pai; e os velhos e as crianças ajoelharam também, trementes e extáticos, sob a faísca eléctrica daquele sublime lance.

Tomás Ribeiro, com o teu coração, se tens nele uma lágrima, imagina este quadro e descreve-o, se podes, que eu não posso, nem quero, porque o último feitio das novelas é não pintar, com o colorido gótico dos românticos, os quadros comoventes que rutilam na alma a faísca do entusiasmo. Agora somente se pintam as gangrenas com as cores roxas das chagas, e com as cores verdes das podridões modernas. Nos literatos o que predomina é o verde, e nas literaturas é o podre.

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pág. 86 (Capítulo 3)

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Capa do livro Maria Moisés
Páginas: 86
Página atual: 86

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
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Capítulo 2 2
Capítulo 3 42