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Capítulo 2: Capítulo 2

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Chegados à capital, o solarengo provinciano, sem consultar o filho, agenciou-lhe noiva entre as mais estremes do sangue germânico das Astúrias. Isto de esposas, quanto mais bárbaras na origem, melhores. Quem puder hoje provar, com trinta e seis quartéis, que seu trigésimo avô era celta, ibero, huno, vascónio, ou gépida, tem barrigadas de orgulho de raça; mas bom será que tenha doutras para a digestão. Os árabes eram inteligentes, civilizados, e finos; porém vão lá filtrar em uma neta de Pelágio ou Cid uma gota de sangue muçulmano! É uma árvore podre, uma genealogia estragada; porque pode ser que alguma dessas Urracas, Urtigas ou Gelorias antigas passasse pelo harém do amir de Córdova, Al-horr- I’bn-Abdur-rahman-Ath-Thakefi, sujeito que foi muito amado pela melodia suavíssima do seu nome.

Não estava no rol das infelizes senhoras de raça mista a destinada esposa de António de Queirós. Era Teles de Meneses, mas dos bons, oriundos de uma D. Ximena, filha de Ordonho 2.°, que fugiu ao pai com um cavaleiro, que a abandonou em um bosque donde a mísera foi dar ao sítio que hoje é Torgueda, na comarca de Vila Real, e aí casou com Telo, lavrador do casal de Meneses.

– Escolhi-te mulher – disse Cristóvão. – É ainda tua parenta por Meneses. Não é herdeira; mas o irmão morgado está héctico, e o segundogénito é aleijado e incapaz para o matrimónio. Virá ela portanto a herdar os vínculos. É preciso que a visites hoje comigo.

– Meu pai – respondeu António com respeitosa serenidade –, pode V. S.a dispor da minha vida; mas do meu coração já eu dispus. Ou hei-de casar com uma rapariga de baixa condição a quem prometi, ou não casarei nunca.

O velho pôs a mão convulsa nos copos do espadim, arquejou largo espaço, e disse:

– Duvido que você seja meu filho. Proíbo-lhe que se assine Queirós de Meneses. Adopte o apelido de algum dos meus lacaios.

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Capa do livro Maria Moisés
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