Respondeu-lhe que tinha grande desejo de me ver, mas que lhe daria todas as garantias possíveis de que não tiraria partido desse encontro e começaria por me dar uma quitação geral de todas as exigências de qualquer espécie. A minha ama insistiu que dai poderia resultar a divulgação de segredo, o que só o prejudicaria, aconselhou-o a não teimar nesse desejo e, por fim, ele desistiu.
Falaram a seguir nos objectos que lhe tirara e o cavalheiro mostrou-se muito desejoso de reaver o seu relógio de ouro, prometendo que, se ela lhe obtivesse, lhe daria de boa vontade o justo valor do mesmo. A velha mulher respondeu-lhe que faria o possível e deixaria a avaliação ao seu cuidado.
No dia seguinte levou-lhe o relógio e ele deu-lhe, em troca, trinta guinéus, quantia superior à que eu obteria de outra forma, embora ele fosse muito mais valioso. O cavalheiro referiu-se então à peruca, pela qual dera, ao que parecia, sessenta guinéus, e à caixa de rapé; ela levou-lhas poucos dias depois e, além da sua gratidão, obteve mais trinta guinéus. No dia seguinte mandei-lhe, grátis, a bela espada e a bengala, sem quaisquer exigências, dizendo apenas que não desejava vê-lo, a não ser que quisesse que eu ficasse a saber quem era, o que por certo não lhe agradava.