Quando chegámos, e depois de o guarda ter feito um relato resumido do que se passara, o juiz de paz, um velho cavalheiro morador em Blomsbury, ordenou-me que falasse e dissesse o que tinha a dizer. Antes, porém, perguntou-me o nome e, embora me desagradasse muito, não tive outro remédio senão informá-lo de que me chamava Mary Flanders e era viúva de um capitão de barco que morrera em viagem para a Virgínia. Acrescentei vários outros pormenores impossíveis de contestar, assim como que morava presentemente com tal pessoa - indiquei o nome da minha governanta -, mas que me preparava para seguir para a América, onde se encontravam os bens do meu marido, e que saíra naquele dia a fim de comprar algumas roupas para aliviar o luto. Não entrara ainda em nenhuma loja, porém, quando aquele indivíduo - apontei o caixeiro do fanqueiro - me agarrara com uma fúria tão grande que me assustara e me tinha levado, à força, para a loja do patrão. Este, embora dissesse não ser eu a pessoa em questão, não me deixara ir em paz e entregara-me a um guarda.
Contei então como o caixeiro me tratara, que não me tinham consentido que mandasse chamar pessoas amigas e que, por fim, a verdadeira ladra fora apanhada, ainda com as mercadorias furtadas, que o captor retirara das suas roupas.