- É aquela, senhor.
O meu filho acercou-se e, sem hesitar; beijou-me e abraçou-me com tanta paixão que não foi capaz de pronunciar palavra. Ouvia-lhe o peito arfar, como o de uma criança que quer chorar e só consegue soluçar.
Não sei exprimir nem descrever a alegria da minha alma quando verifiquei, o que foi fácil, que não me visitava como um desconhecido, mas sim como um filho que visita a mãe, um filho que nunca soubera, sequer, o que era ter uma mãe sua. Em suma, chorámos ambos durante muito tempo e, por fim, ele exclamou:
- A minha mãe ainda vive! Estava convencido de que jamais a veria! Eu, porém, continuei sem poder falar durante muito tempo mais, tão grande era a minha comoção.
Momentos depois, quando nos refizéramos já um pouco, expôs-me a situação, começando por dizer que não mostrara ao pai a carta que eu lhe escrevera, nem tão-pouco lhe falara nela. O que a avó me deixara estava nas suas mãos, e, podia ter a certeza, havia de fazer-me inteira justiça; o pai, velho e doente de corpo e de espírito, tornara-se muito irascível e colérico, quase não via e para nada servia, e por isso, ao receber a minha carta, perguntara-se se ele saberia proceder como exigia um caso de natureza tão delicada.