A Vida Amorosa de Moll Flanders - Cap. 2: A vida amorosa de Moll Flanders Pág. 357 / 359

Ficou perplexo e, por momentos, contou pelos dedos, em silêncio. Por fim, sempre a contar pelos dedos e começando pelo polegar, disse o seguinte:

- Ora vejamos: primeiro, duzentas e quarenta e seis libras em dinheiro, depois, dois relógios de ouro, anéis de diamantes e prata - entretanto passara do polegar para o indicador e para o dedo médio -, uma plantação no rio Iorque, cem libras por ano, cento e cinquenta libras em dinheiro, uma barca carregada de cavalos, porcos, vacas, etc. - voltou ao polegar -, e agora um carregamento que vale duzentas e cinquenta libras em Inglaterra e o dobro aqui, em dinheiro.

- Então que te parece? - indaguei.

- Que me parece? Quem disse que fui enganado quando me casei no Lancashire? Acho, pelo contrário, que desposei uma mulher com uma for- tuna que não é tão pequena como isso!

Numa palavra, encontrávamo-nos agora em muito boa situação e todos os anos a nossa fortuna aumentava, pois a nossa plantação crescia-nos debaixo das mãos, sem darmos por isso, e em oito anos progredira tanto que rendia pelo menos trezentas libras esterlinas por ano, isto é, o que produzia tinha esse valor em Inglaterra.

Um ano depois de regressar à minha casa fui outra vez visitar o meu filho e receber o rendimento da plantação que herdara da minha mãe. Mal desembarquei, tive a surpresa de saber que o meu velho marido morrera e fora enterrado não havia ainda quinze dias. Confesso que a notícia não me foi desagradável, pois agora podia mostrar-me como era, uma mulher casada. Por isso disse ao meu filho, antes de me despedir, que tencionava casar com um cavalheiro que tinha uma plantação perto da minha, mas que, embora fosse legalmente livre para o fazer, no que respeitava a qualquer obrigação anterior, hesitava, receosa de que a tragédia antiga viesse a saber-se e desagradasse ao meu marido.





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