A Verdade no Caso do Sr. Valdemar - Cap. 1: A verdade no caso do Sr. Valdemar Pág. 5 / 11

Valdemar, lhe pedi que declarasse o mais distintamente possível ao Sr. L-1 que era sua livre vontade que eu o hipnotizasse naquelas condições.

Respondeu em voz fraca mas suficientemente audível: - Sim, desejo ser hipnotizado - acrescentando imediatamente: - Temo que tenha demorado demasiado.

Enquanto ele assim falava comecei os passes que sabia terem sobre ele os melhores resultados. Era evidente que o primeiro toque lateral da minha mão sobre a sua testa o influenciava; mas embora exercesse todos os meus poderes, não consegui obter mais nenhum efeito perceptível até às dez horas e poucos minutos, hora a que chegaram, como combinado, os Drs. D... e F... Expliquei-lhes em poucas palavras o que ia fazer, e como não puseram qualquer objecção prossegui sem hesitar - trocando, contudo, os passes laterais por passes verticais e fixando o meu olhar no olho direito do doente.

Nesta altura o pulso era imperceptível e a respiração, estertorosa, tinha intervalos de meio minuto.

Esta situação permaneceu inalterada durante um quarto de hora. Quando este período expirou, do peito do moribundo escapou-se um suspiro muito profundo, embora natural, e a respiração estertorosa cessou; quer dizer, o estertor já não era aparente; os intervalos, esses não diminuíram. As extremidades do paciente estavam geladas.

Às onze menos cinco comecei a notar sinais inequívocos da influência hipnótica. O rolar vítreo do olho foi substituído por aquela expressão de estranha observação interna que nunca é visível senão nos casos de sono-acordado e que é impossível de confundir. Com alguns passes laterais rápidos fiz as pálpebras semicerrarem-se como num sono incipiente e com mais alguns fechei-as completamente. Não estava, porém, ainda satisfeito e continuei vigorosamente as manipulações e com toda a força de vontade, até que os membros se tornaram rígidos depois de os ter colocado numa posição convenientemente cómoda.





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