Hop-Frog - Cap. 1: Hop-Frog Pág. 10 / 12

Então, com a rapidez do pensamento, inseriu aí o gancho em que estivera pendurado o candeeiro; e num instante, como movida por um agente invisível, a corrente foi içada de forma que o gancho ficou fora do alcance e inevitavelmente arrastou consigo os orangotangos todos juntos e voltados uns para os outros.

Nesta altura os mascarados já haviam recuperado, em certa medida, do susto apanhado; e, começando a considerar toda a história como uma brincadeira bem pensada, deram uma grande gargalhada ao verem a situação dos macacos.

- Deixem-nos comigo! - gritava agora Hop-Frog numa vozinha aguda que dominava o tumulto circundante. - Deixem-nos comigo. Acho que os conheço. Se puder dar-lhes uma olhadela, posso dizer logo quem são.

Gatinhando por cima das cabeças da multidão, o anão conseguiu chegar à parede; depois, arrancando uma torcha a uma das cariátides, regressou pelo mesmo caminho ao centro da sala, saltou com a agilidade de um macaco para a cabeça do rei e daí empoleirou-se na corrente, examinando à luz do archote o grupo de orangotangos e continuando a gritar:

- Daqui a nada hei-de descobrir quem são.

E então, enquanto toda a assembleia (incluindo os macacos) se torcia de riso, o bobo deu de repente um assobio agudo; em resposta, a corrente foi violentamente puxada para cima a uma altura de trinta pés - arrastando consigo os atónitos e estrebuchantes orangotangos e deixando-os suspensos no ar a meio caminho entre a clarabóia e o chão. Hop-Frog, que se agarrara à corrente enquanto esta subia, mantinha a sua posição relativamente aos oito mascarados e continuava (como se nada fosse) a iluminá-los com o archote como para tentar descobrir as suas identidades.

Tão espantada ficou toda a assistência com esta ascensão que se instalou na sala um silêncio mortal que durou cerca de um minuto.





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