A Origem da Tragédia - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 53 / 164

Oh! estes gregos! suspiramos, eles derrubam a nossa estética. — A isto acostumados, porém, repetíamos o conceito schlegeliano toda vez que ouvíssemos falar em coro.

Mas aquela tão expressiva tradição aqui se exprime adversamente a Schlegel, o coro por si mesmo, seu palco, portanto a forma primitiva da tragédia e aquele coro ideal não se compreendem. Que gênero de arte seria a que fosse tirada do conceito do espectador, de cuja forma própria deveria valer o “espectador em si”? O espectador sem espetáculo é um contrassenso. Tememos que a origem da tragédia não se possa explicar nem pela consideração da inteligência moral da multidão, nem do conceito do espectador sem espetáculo, e consideramos este problema profundo em demasia, para sequer sermos tocados por considerações tão superficiais.

Uma interpretação infinitamente valorosa sobre o significado do coro manifestou Schiller no célebre prólogo da “Noiva de Messina”, em que considera o mundo como um todo vivo, pelo que a tragédia é envolvida para se separar de modo total do mundo real e manter o seu fundo ideal e a sua liberdade poética.

Schiller combate, com esta sua arma principal, a compreensão comum do que se diz natural, a ilusão desejada de maneira comum na poesia dramática. Enquanto que o próprio dia no teatro seja algo artístico, a arquitetura algo simbólico e a língua métrica contenha um caráter tão ideal, e que ainda exista o engano no seu todo, não é suficiente que se considere somente isto como uma liberdade poética, o que, afinal, constitui o conteúdo de toda a poesia. A introdução do coro é o passo decisivo, com o qual se declara aberta, e honestamente, a guerra a qualquer naturalismo na arte.





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