Odisseia - Cap. 8: Éolo e Circe Pág. 55 / 129

O rei que nela reina é pai de doze filhos, seis rapazes e seis raparigas. Vivem todos num palácio lindíssimo, em festas constantes, e alimentando-se de manjares preciosos. Perfumes deleitosos pairam no ambiente confortável, que vibra a cada passo de cantos e risos. Aí fomos recebidos e agasalhados faustosamente durante um mês. O rei, curioso da nossa vida e aventuras, não se cansava de me fazer perguntas. Respondi a todas. E, acabado o mês, pedi-lhe que me indicasse qual era o melhor caminho para Ítaca, e que me não recusasse o auxílio necessário para regressar à minha terra. Quanto lhe pedi, quanto me concedeu. E coroou a oferta com um odre feito da pele de um dos seus maiores bois, onde encerrou o sopro impetuoso de todos os ventos, que lhe obedeciam. Ele próprio atou esse odre ao meu navio com forte cordão de ouro, fechando-o bem para que nem um bafejo saísse de lá de dentro.

Deixou só em liberdade o Zéfiro, brisa suave a quem ordenou que impelisse brandamente os barcos. E assim aconteceu durante nove dias felizes. As ondas azuis corriam ao sopro calmo do Zéfiro, e o barco nem hesitava no rumo que lhe traçáramos ao partir…

Mas uma noite, enquanto eu dormia; de que se hão-de lembrar os meus companheiros,





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