Odisseia - Cap. 8: Éolo e Circe Pág. 56 / 129

espicaçados pela curiosidade de saber o que se continha no odre? De espreitar lá para dentro!... Meu dito, meu feito. Abriram o saco, logo todos os ventos - do Norte e do Sul, do Este e do Oeste - saíram de uma vez só, e, espalhando-se no ar, provocaram temível e ruidoso temporal. Acordo ao som do barulho assustador, e vejo os meus companheiros a chorar, arrependidos já do seu atrevimento. Quase desesperei, perante a violência da procela imprudentemente desencadeada! Jogava o navio de um lado para outro, caíam sobre ele montanhas de espuma que o precipitavam em abismos prestes a tragá-lo. Que fazer? Suportar tudo sem me queixar, enquanto o temporal não amainasse. Atirados de novo para as praias de Eólia, ali demos à costa, embora sem prejuízos nem desgraças.

O pior, no entanto, foi que o rei, que tão nosso amigo se mostrara, informado da desobediência dos meus companheiros, nem nos quis ouvir quando voltámos a visitá-lo Mandou-nos expulsar pela criadagem. Assim abandonados, receando ainda a loucura dos ventos, deitámos uma vez mais a frota ao mar. A minha gente, chorosa e desanimada, nem coragem tinha para pegar nos remos. E quem nos guiará nessa viagem ao acaso? A quantos perigos





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