A Mulher de Trinta Anos - Cap. 4: O dedo de Deus Pág. 126 / 205

Quando a mãe e o rapaz se voltavam, depois de terem chegado junto dela, inclinava disfarçadamente a cabeça e lançava-lhes, assim como ao irmão, um olhar furtivo verdadeiramente extraordinário. Mas seria impossível explicar a sutileza penetrante, a ingenuidade maliciosa, a atenção selvagem que animava esse rosto infantil de olhos semicerrados, quando a mãe ou seu companheiro acariciavam os anéis louros ou o pescoço branco e tenro do menino, no momento em que, por brincadeira, este tentava caminhar junto com eles. Havia, certamente, uma paixão de adulto na fisionomia delicada dessa criança singular. Sofria ou pensava. Ora, que é que profetiza mais seguramente a morte dessas criaturinhas em flor? Será o sofrimento alojado no corpo ou o pensamento prematuro devorando-lhes as almas apenas germinadas? Talvez uma mãe o saiba. Quanto a mim, não conheço nada mais horrível que um pensamento de velho na fronte de uma criança; a blasfêmia nos lábios de uma virgem é menos monstruosa. Assim, a atitude quase estúpida dessa criança já pensativa, a raridade dos seus gestos, tudo me interessou. Examinei-a curiosamente. Por uma fantasia peculiar aos observadores, comparava-a ao irmão, procurando surpreender as semelhanças e as diferenças que existiam entre eles. A primeira tinha os cabelos castanhos, os olhos pretos e uma energia precoce que formava grande contraste com a cabeleira loura, os olhos verdes e a graciosa fraqueza do mais novo. A mais velha podia ter uns sete para oito anos, e o outro seis apenas. Estavam vestidos da mesma maneira. Contudo, olhando-os com atenção, notei nas golas das roupas uma diferença bastante banal, mas que mais tarde me revelou todo um romance no passado, todo um drama no futuro. E era bem pouca coisa. A gola da pequena




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