Enquanto esses acontecimentos se passavam no pátio, um incidente bem insignificante na aparência mudara a situação de outras personagens que figuram nesta história. Logo que o marquês saiu, sua mulher, olhando alternadamente para a chave da mansarda e para Helena, acabou por dizer em voz baixa, inclinado- se para a filha: - Helena, seu pai deixou a chave em cima da lareira.
A jovem, admirada, ergueu a cabeça e olhou timidamente para a mãe, cujos olhos brilhavam de curiosidade.
- E daí, mamãe? - respondeu Helena com a voz perturbada.
- Desejava bem saber o que se passa lá em cima. Se há alguém, ainda não se moveu. Vai lá...
- Eu? - disse a jovem assustada.
- Você tem medo?
- Não, mamãe, mas pareceu-me ter ouvido os passos de um homem.
- Se eu pudesse ir lá, não lhe pediria que subis se, Helena - replicou a mãe com fria dignidade. - Se seu pai voltasse e não me encontrasse, iria talvez se preocupar, enquanto sua ausência não seria notada.
- Senhora - tornou Helena -, se o ordena eu irei, mas perderei a estima de meu pai...
- Como! - disse a marquesa, com certa ironia.
- Mas já que você toma a sério o que não passava de uma brincadeira, agora ordeno-lhe que vá ver quem está lá em cima.